Home Highlights 2025 Reimaginando a resiliência: Jovens mulheres liderando ações climáticas e respostas a desastres no Caribe

Reimaginando a resiliência: Jovens mulheres liderando ações climáticas e respostas a desastres no Caribe

14 de outubro de 2025 | Atividade

A região do Caribe é particularmente vulnerável aos impactos das mudanças climáticas e a desastres ambientais, incluindo o aumento do nível do mar, riscos naturais mais frequentes e intensos, assim como variações na disponibilidade de água. Esses desafios ameaçam os países, as populações e o desenvolvimento sustentável da região. No entanto, seus efeitos não são sentidos igualmente— certos grupos enfrentam maior vulnerabilidade devido a fatores como gênero, idade e localização geográfica. Mulheres e meninas estão entre as pessoas desproporcionalmente mais afetadas, com os impactos climáticos muitas vezes intensificando as desigualdades de gênero existentes e representando riscos distintos para seus meios de subsistência, saúde e segurança.

Em resposta a essas realidades, a Rede de Mulheres Jovens na Liderança (YWiL) — convocada pelo ParlAmericas, pelo Escritório Multipaíses da ONU Mulheres – Caribe e pela Rede de Mulheres no Caribe na Liderança (CIWiL) — realizou uma sessão virtual em 14 de outubro de 2025, com foco na interseção entre igualdade de gênero, mudanças climáticas e redução do risco de desastres. A Rede YWiL reúne jovens mulheres líderes de programas parlamentares juvenis anteriores em todo o Caribe para compartilhar experiências, trocar boas práticas e fortalecer as conexões entre si, com parlamentares e especialistas regionais. Ela promove o diálogo sobre questões-chave de igualdade de gênero e apoia o desenvolvimento de soluções práticas que as jovens líderes podem defender em sua atuação– e esta sessão não foi exceção.

Ao longo da sessão, as participantes exploraram como os impactos das mudanças climáticas e das catástrofes incidem de forma diferenciada sobre mulheres e meninas. Por exemplo, as responsabilidades de cuidado com outras pessoas podem dificultar os esforços de evacuação ou preparação. Sherina Supersad, palestrante e ex-aluna do Programa de Liderança YES! 2024, enfatizou a importância de abrigos que atendam às necessidades de cuidados, juntamente com outras medidas inclusivas, como protocolos de violência de gênero, recursos de acessibilidade e acesso a produtos de higiene e saúde. Também foram destacados os desafios enfrentados por mulheres agricultoras e empreendedoras, que muitas vezes não têm acesso a recursos financeiros — uma situação agravada pelas mudanças climáticas e desastres. É essencial oferecer apoio personalizado para ajudar essas mulheres a se adaptarem e protegerem seus meios de subsistência. Também é fundamental fazer uma avaliação interseccional dessas questões, reconhecendo que nem todas as mulheres e meninas enfrentam esses desafios da mesma maneira.

As participantes e palestrantes foram unânimes em afirmar que, diante de ameaças climáticas cada vez mais intensas e de seus impactos prejudiciais sobre a vida das pessoas, o futuro do Caribe depende não apenas de infraestrutura e avanços tecnológicos para lidar com os efeitos climáticos, mas também de planejamento, estruturas e liderança proativos, inclusivos e sensíveis às questões de gênero. As jovens líderes devem fazer parte dessas soluções, e elas já atuam como agentes de mudança no Caribe.

Em comentários feitos durante a sessão, a senadora Brittney Galvez, de Belize, vice-presidenta para a América Central da Rede Parlamentar para a Igualdade de Gênero do ParlAmericas, destacou o papel vital das organizações de mulheres e jovens na conscientização sobre os impactos diferenciados das mudanças climáticas, na resposta eficaz a crises em suas próprias comunidades e em outros países, bem como na defesa de uma tomada de decisão inclusiva em todos os níveis.

Megan Morgan, defensora ambiental e participante do YWiL da Jamaica, destacou as organizações que lideram esse trabalho, incluindo Girls CARECaribbean FeministCaribbean Youth Environment Network e Breadfruit Collective. Ela também enfatizou o poder da ação individual na formação de respostas inclusivas ao clima e aos desastres – destacando que, apesar de sua natureza técnica, a ação climática é uma área na qual todas as pessoas podem contribuir em suas comunidades, com base em suas perspectivas únicas. Essa mensagem foi repetida pela senadora Galvez e pelas palestrantes de abertura Isiuwa Iyahen, chefe interina do Escritório Multinacional da ONU Mulheres – Caribe, e Nana Oye Hesse-Bayne, presidenta da CIWiL. Todas reconheceram a liderança das jovens caribenhas na construção de abordagens mais abrangentes à questão da resiliência, com foco na transformação dos sistemas que perpetuam a desigualdade.

A sessão foi encerrada com um exercício interativo em que as participantes aplicaram uma perspectiva inclusiva de gênero e juventude ao Quadro de Sendai para a Redução do Risco de Desastres. As principais prioridades que surgiram foram: integrar a perspectiva de gênero desde o início no planejamento e na formulação de políticas, investir em soluções responsivas, coletar dados e informações desagregadas sobre as diferentes realidades vividas pelos indivíduos, usar as mídias sociais para promover a educação pública e desenvolver a capacidade de jovens e mulheres líderes, bem como de equipes de agências públicas e departamentos dedicados a desastres e mudanças climáticas, quanto à inclusão de gênero e juventude.

À medida que as mudanças climáticas continuam a remodelar o futuro do Caribe, a liderança das mulheres jovens não é apenas valiosa, mas essencial. A sessão da Rede YWiL reafirmou que abordagens inclusivas e interseccionais são fundamentais para a construção de comunidades resilientes. Ao amplificar as vozes das jovens mulheres, equipá-las com as ferramentas necessárias para liderar e facilitar seu envolvimento significativo nos processos de tomada de decisão, a região pode avançar em direção a um futuro em que as respostas às mudanças climáticas e aos desastres reflitam as necessidades de toda a sua população. O momento é agora – e ele está sendo impulsionado pela próxima geração de agentes de mudança.

Esta atividade foi realizada com o apoio do Governo do Canadá, por meio de Assuntos Globais Canadá.